– NOVA GESTÃO –
Nesta sexta-feira (17), em entrevista coletiva à imprensa, a Prefeitura Municipal de Tatuí anunciou uma gestão compartilhada entre a Santa Casa de Misericórdia de Tatuí e a São Bento Saúde, representada pelo frei Bento Aguiar. A municipalidade também participa desta gestão compartilhada afirma o prefeito José Manoel Correa Coelho (Manu).
Durante a entrevista, frei Bento Aguiar apontou alguns desafios que deverá enfrentar nos próximos dias. “Além da dívida que se arrasta há mais de 10 anos, há também o aumento da demanda por serviços, também das cidades da região, a saída de um plano de saúde que representa R$ 300 mil a menos todo mês, além do alto custo empregado no pagamento de médicos que acaba gerando um enorme déficit”, disse o representante da ordem religiosa. Ele acrescenta que “a partir de segunda-feira, iniciaremos um estudo aprofundado nas contas e iremos nos debruçar sobre a parte administrativa do hospital”. A Prefeitura de Tatuí está confiante que com esta providência possa minimizar o problema na Santa Casa. Demonstrando ter muita fé, o Departamento de Comunicação expediu um “press release” e informa que “a empresa de Frei Bento Aguiar é especialista na gestão de hospitais públicos e filantrópicos e salvou muitos da falência. A São Bento está há 20 anos do mercado e atuou com êxito nos hospitais de Aparecida do Norte, Presidente Prudente, Bragança Paulista e Barretos”. Participaram da entrevista o prefeito José Manoel Correa Coelho (Manu), vice-prefeito Vicente Menezes, provedora Nanete Walti de Lima, frei Bento Aguiar, diretoras municipais de saúde Vera das Dores e Sandra Santos e os vereadores Antônio Marcos de Abreu, Dione Batista, José Eduardo Morais Perbelini e Rosana Nochele Pontes Pereira.
FALTA DE RECURSOS IMPEDE FUNCIONAMENTO DA SANTA CASA
Atraso de repasses, falta de recursos e atraso de pagamentos foram os motivos para que funcionários da Santa Casa de Misericórdia de Tatuí quase entrassem em greve na terça-feira passada e agravassem ainda mais a situação do único hospital que atende a população conveniada com o SUS. Na terça-feira à noite a situação não era satisfatória no hospital tatuiano. Segundo informações obtidas pela reportagem do Jornal Integração, por volta de 22 horas, quatro pacientes estavam sendo atendidos no pronto socorro municipal e aguardavam internação na Santa Casa. Um funcionário explica que estas pessoas estavam mais bem atendidas no pronto socorro, porque na Santa Casa não havia nem medicamentos. Esta informação foi confirmada em uma entrevista coletiva na quinta-feira (16), com o corpo clínico da Santa Casa. Nesta entrevista, foi explicado que os procedimentos não estavam sendo feitos por falta de material e até alimentação para os pacientes. O médico Giancarlo Grandino disse que “todos os médicos estavam atendendo normalmente, dentro das possibilidades do material existente na Santa Casa”. Neste encontro ficou visível que uma medida urgente deve ser tomada para sanar o problema. A reportagem do Jornal Integração indagou se procedia informação de que o prefeito Manu anunciaria na sexta-feira (17) uma possível solução para o problema que enfrenta a Santa Casa. Nem mesmo representantes da assessoria de imprensa da Prefeitura souberam responder sobre a gestão compartilhada entre a Santa Casa e a São Bento Saúde, anunciada nesta sexta-feira na Prefeitura Municipal.
Pagamento saiu com atraso
Segundo consta, o pagamento dos funcionários, que deveria sair no quinto dia útil do mês, saiu na terça-feira (14), depois que a Prefeitura de Tatuí repassou a verba obrigatória do Governo Federal (SUS). O repasse chegou na quarta-feira (8), às 16h35, na Prefeitura. Quinta-feira foi feriado, sexta-feira não houve expediente e a verba chegou na contabilidade do hospital somente no dia 13 de julho, informa uma pessoa ligada ao Sindicato Único dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde de Sorocaba e Região (Sinsaúde).
A Santa Casa de Tatuí passa por sérios problemas financeiros desde que a Unimed Tatuí se instalou em seu hospital próprio. Um funcionário informa que existe um andar inteiro fechado na ala de internação, que era utilizado pela Unimed. E para a Santa Casa resta apenas a verba repassada pelo SUS e subvenções da Prefeitura. Na terça-feira (14), houve diversas reuniões com a participação da provedora Nanete Walti Lima. Uma delas foi com anestesistas e procedimentos médicos estavam sendo cancelados. Nesta noite, em contato com a reportagem deste semanário, Nanete estava visivelmente abatida e nem quis responder se o prefeito estava colaborando na solução do hospital.
Dia 27 de junho, no ato de lançamento da pedra fundamental da Nefrotat, clínica de hemodiálise a ser construída em Tatuí, o prefeito José Manoel Correa Coelho (Manu), em seu discurso, informou que na semana anterior, acompanhado de prefeitos da região, foi reivindicar verba para a Santa Casa na Secretaria Estadual da Saúde, em São Paulo. Manu afirma que os representantes políticos da região receberam “sonoro não do secretário David Uip às demandas pleiteadas”. É de se estranhar este posicionamento do secretário Davi Uip. Segundo consta, a Santa Casa também faz parte de oferta de vagas para atendimento, através de agendamento da Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (CROSS). Este sistema é uma regulação de acesso da população na área hospitalar e ambulatorial da Secretaria de Estado da Saúde. Ao participar deste programa, a Santa Casa deve atender pacientes da região.
Em Tatuí, seguramente, 75% da população de 115 mil habitantes (dados recentes do IBGE) depende do serviço público de saúde. Caso não haja uma ação efetiva e imediata por parte do Poder Público, a situação tende a piorar ainda mais na Santa Casa. Há alguns dias, a direção do hospital estuda a possibilidade de uma administração compartilhada com uma instituição particular. Nesta sexta-feira (17) tudo ficou no nível da retórica e os pacientes chegam ao hospital. Enquanto a solução não se concretiza, o prefeito José Manoel Correa Coelho (Manu), como representante do Poder Público, deveria repassar uma verba emergencial para continuidade dos serviços hospitalares. Caso haja inércia por parte do Poder Público Municipal para solucionar graves problemas de saúde pública que afligem a população, o ato omisso pode suscitar efetiva ação por parte do Ministério Público. A autoridade competente em solucionar a questão de saúde no município, no caso o prefeito municipal, estará sujeito a uma Ação Civil Pública ou Ação por Improbidade Administrativa.