
Assembleia dos servidores da Santa Casa em foto enviada por José Orlando da Cruz.
Na quarta-feira (27), uma greve deflagrada na Santa Casa de Misericórdia de Tatuí provocou o afastamento da provedora Nanete Walti Lima. Milton Sanches, presidente do Sindicato dos Servidores da Saúde (SinSaúde), disse que “não foi cumprido o acordo para o pagamento do décimo terceiro salário dos funcionários assinado no dia 28 de dezembro último”. Faltou o pagamento da terceira parcela (30% do décimo terceiro), que venceu em 25 de janeiro”.
Uma reunião entre representantes do sindicato e a provedora, Nanete Walti, aconteceu na terça-feira, dia 26. Neste encontro, a representante da entidade disse que não haveria dinheiro para “pagar a parcela pendente”. Segundo Paulo César Ramos Pereira, diretor do SinSaúde, a provedora aguardava um posicionamento do novo secretário municipal da saúde, Umberto Fanganiello Filho, em relação a liberação de recursos para o hospital. Este posicionamento aconteceu na quarta-feira (27) com a expedição de um decreto do prefeito José Manoel Correa Coelho (Manu), “requisitando” a Santa Casa de Tatuí (ver matéria abaixo). Milton Sanches, presidente do SindSaúde de Sorocaba, ao tomar conhecimento da “intervenção” da Prefeitura no hospital fez um duro pronunciamento contra o ato e aponta o secretário Umberto Fanganiello Filho como autor desta decisão de Manu. “Ele foi afastado pelo prefeito anterior e agora quer assumir novamente a Santa Casa”, diz o presidente. “Nós estamos preparados para um embate e não deixaremos nenhum funcionário da Santa Casa de Tatuí sem suas proteções trabalhistas”, diz Milton.
Primeira greve durou cinco dias
Dia 28 de dezembro, funcionários da Santa Casa de Misericórdia de Tatuí encerraram a greve que havia paralisado 70% dos 350 funcionários desde a véspera de Natal. A paralisação aconteceu em razão da falta do pagamento do 13º salário e outros direitos trabalhistas. Para encerrar a greve, os trabalhadores aceitaram proposta da direção da Santa Casa.
Do acordo constava que seria pago apenas o décimo terceiro, em três parcelas: 30% até o dia 29 de dezembro, 40% no dia 5 de janeiro e 30% no dia 25 deste mês. Após realização de assembleia que ratificou o acordo, os funcionários promoveram passeata pelas ruas da cidade. A ação estava programada e visou apenas reivindicar melhorias para a área da saúde de Tatuí, que está caótica. Durante os quatro dias de paralisação, 30% dos funcionários trabalharam para garantir o atendimento emergencial à população. Esta ação foi coordenada pelo SinSaúde, entidade que representa trabalhadores da saúde na região de Sorocaba.
PREFEITURA REQUISITA SANTA CASA
Nota do Departamento do Comunicação – Desde esta quinta-feira (28), a Santa Casa de Tatuí passou a ser administrada diretamente pela Prefeitura Municipal. A decisão aconteceu após o agravamento da situação administrativa e financeira do hospital, que culminou com nova greve dos funcionários. Estes não receberam a última parcela do 13º salário, que deveria ter sido depositada na segunda-feira (25), em cumprimento ao acordo firmado em dezembro.
A assessoria da municipalidade comunica que, antes de tomar a decisão, o prefeito José Manoel Correa Coelho (Manu) reuniu-se “a portas fechadas com a provedora Nanete Walti de Lima, com o secretário da Saúde, Umberto Fanganiello Filho (Tuta), e com profissionais da área técnica, das pastas de Saúde e de Fazenda, Finanças e Planejamento”.
O prefeito assinou o Decreto nº 16.555, requisitando a administração plena do hospital. Este documento estabelece “situação de emergência” no Sistema Municipal de Saúde, e requisita os bens, equipamentos, serviços móveis e utensílios pertencentes à Santa Casa de Tatuí.
Uma hora depois, em nova reunião na Santa Casa, Nanete Lima anunciou o afastamento por um ano da atual provedoria e deixou de forma oficial o comando do único hospital público da cidade. “Esta decisão foi tomada em conjunto, de maneira amigável, harmoniosa e consensual. Temos muitas dificuldades e um déficit mensal que chega a R$ 650 mil”, explicou a ex-provedora.
O decreto define também a nomeação de um conselho de gestão, composto por três funcionários públicos indicados pela própria Prefeitura. São eles: Sandra Santos, diretora de saúde, na função de gestora geral; Fabiana Freitas, diretora de recursos humanos, que atuará como gestora administrativa; e Jefferson de Biagi Candido Silva, técnico do setor de contabilidade, que trabalhará como gestor financeiro.
Segundo a assessoria, a requisição já vinha sendo estudada há algum tempo, desde que a Prefeitura optou por participar da administração da Santa Casa, a partir de uma gestão compartilhada envolvendo a São Bento Saúde, empresa especializada no diagnóstico e na condução de hospitais filantrópicos. Na última semana, o Frei Bento Aguiar, da São Bento Saúde, encaminhou um documento ao prefeito Manu, onde apresentou diagnóstico completo da situação administrativa do hospital, a partir do trabalho feito nos últimos seis meses, recomendando que a Prefeitura assumisse a gestão do nosocômio definitivamente.
O prefeito, que trata a questão como “novo desafio em sua gestão”, disse que “a superação é a marca do povo tatuiano” e pediu colaboração e apoio, “para juntos vencermos essa batalha”. Por fim, lembrou que a Santa Casa deverá trabalhar com o recurso já previsto em orçamento.