31 DE OUTUBRO
Crônica de J. Rigolão
É difícil alguém não manter vivo na memória um fato tão marcante, que se torna inesquecível para o resto da vida. Aconteceu comigo e o Dario, no dia 31 de outubro, esqueçamos o ano. Naquele dia assistíamos a uma convenção mundial sobre transportes. O transporte é necessidade básica do homem, e desde a época dos Caldeus até hoje, torna-se tema constante para controvérsias. Do cavalo à roda, do carro de boi ao foguete espacial, a polêmica continua. A saga dos transportes é apaixonante.
Esta convenção abordava todos os tipos de transporte: aéreo, fluvial, marítimo, terrestre e espacial, além, é claro, dos tipos de propulsão: eólico, motores a combustão, reatores nucleares, tração animal, etc. E nesse mercado não existem amadores, cada um quer defender seu quinhão. Os chineses, por exemplo, destacavam a milenar tecnologia do “riquixa”, como melhor veiculo de tração humana existente. Os venezianos, por sua vez, insistiam que em termos náuticos, nada superava as gôndolas, com seu romantismo não poluente. A maioria dos países exaltava as bicicletas. Os finlandeses enalteciam os trenós e cães siberianos, imbatíveis no gelo. O grupo brasileiro defendia os jegues como melhor sistema de “transporte misto”, que engloba indivíduos e cargas. Algumas nações da Ásia e África insistiam nas vantagens dos elefantes e os árabes não abriam mão dos camelos. Eu e o Dario nos sentamos ao lado de duas curiosas personagens e tivemos a oportunidade de ouvir o que falavam. A conversa começou assim:
– Eu não disse a você que não seriamos ouvidos? Ninguém está mais interessado em coisas antigas, que funcionam, mas não podem ser patenteadas, nem fabricadas em série. As palavras foram ditas por um velho com cara de andarilho, vestido com turbante vermelho e colete dourado.
– Você pode desistir, mas eu não! Vamos fazer uma demonstração e deixar todo esse pessoal com cara de bobos!, retrucou a mulher de meia idade, bonita, que usava um longo branco.
Como algo aparentemente ensaiado, lado a lado, as duas figuras levantaram-se e atravessaram o salão, em meio aos participantes do congresso, provocando curiosidade. O homem subiu em um tapete, que havia deixado na porta de entrada. A mulher subiu em uma vassoura. E de repente, para espanto de todos, ambos saíram voando, acenando adeus, com olhares marotos de despedida, na direção do céu azul. Um silencio sepulcral tomou conta do salão. Antes de começar um previsível tumulto, se ouviu claramente, no fundo, alguém dizendo: – Yo no creo em brujas! Pero que las hay, las hay…
Retornando da convenção, eu e Dario, ainda incrédulos, tivemos longa conversa sobre o ocorrido. Concluímos que nossa vida é mesmo repleta de incertezas, mistérios, enganos, fatos que não podemos ou não conseguimos entender ou explicar. São tantas as variáveis, que poderíamos até mesmo concluir que o dito espanhol seria perfeito, se também considerasse a existência das fadas. Porque não? “Yo no lo creo ni en brujas, ni en fadas, pero graças a Dios, que las hay, las hay…”.
DESTAQUES ECONÔMICOS
Por Antônio J. Martins
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